segunda-feira, 18 de novembro de 2013

JUSTIÇA, AINDA QUE TARDIA!

Por Alacir Arruda
“O Brasil é uma nação de espertos que reunidos, formam uma multidão de idiotas.”
                                  ( Gilberto Dimenstein)
                                                                 
O país  acordou essa segunda feira com um fio de esperança na justiça  reaceso. Na última sexta feira,  o Presidente do Supremo Tribunal Federal e também relator do caso “mensalão”, Ministro Joaquim Barbosa  decretou a prisão de doze  réus já condenados em ultima instância desse, que é considerado, o maior caso de desvio do erário já praticado por agentes públicos. Lógico que três deles são  mais  conhecidos da opinião publica; os Ex- ministros Jose Dirceu e Jose Genoíno,  ainda o operador do mensalão Marcos Valério.   Pela primeira vez eu vi a população estarrecida, mas desta vez  pela coragem da Justiça em mandar pra cadeia,  de forma inédita, políticos de grande calibre. Esse fato foi manchete nos principais jornais do mundo, sendo que o francês Le Monde chegou a afirmar que os brasileiros não conheciam justiça ate sexta-feira.
O que me chamou  muito a atenção em toda essa celeuma, foi a cara de  ”coitadinho” de ambos- Dirceu e Genoíno-, dizendo-se inocentes, perseguidos, e até presos políticos entre outras baboseiras. Ora,  esses senhores são  perigosos,  dissimulados, cínicos, fazem parte do Staff  dessa “quadrilha” denominada PT que juntos,   instalaram um verdadeiro escritório do crime organizado em Brasília,  responsável pelo desvio de mais de 300 milhões de reais dos erário publico. Alguém teria que pagar por isso, ou eles se acham acima do bem e do mal?
Quando optamos pela República, também optamos pela democracia com todas as virtudes e defeitos desse sistema político considerado por Churchill como “a pior forma de governo, com exceção de todas as outras”. Pois o julgamento do mensalão, ainda que facções inconformadas tentem classificá-lo como farsa, foi democrático e republicano. 
O desprezo pela democracia,  precisamos lembrar, é o próprio fio condutor do mensalão. Que respeito têm por um dos principais pilares democráticos, a independência entre poderes, aqueles que tramam um esquema de subordinação do Legislativo ao Executivo, por meio da compra de apoio parlamentar? Deixemos que os ministros do STF respondam, em frases que nunca poderão ser esquecidas. “Com a velha, matreira e renitente inspiração patrimonialista, um projeto de poder foi arquitetado. (...) um projeto de poder que vai muito além de um quadriênio quadruplicado, muito mais de continuidade administrativa. É continuísmo governamental. Golpe, portanto, nesse conteúdo da democracia, que é o republicanismo, que postula renovação dos quadros de dirigentes”, disse Carlos Ayres Britto, ao condenar o núcleo político do mensalão por corrupção ativa. Na mesma ocasião, Celso de Mello disse que “os atos praticados por estes réus em particular [José Dirceu e José Genoino] descaracterizaram por completo o modelo de democracia congressual” e que “a conquista de adesões mediante, por exemplo, migrações partidárias obtidas com estímulo de práticas criminosas representa atentado aos valores estruturantes do Estado Democrático de Direito” 
A prisão dessa quadrilha não indica que a sociedade brasileira já pode descansar tranquilamente. Diversos ladrões do dinheiro público seguem à solta, talvez rindo do destino dos mensaleiros. Os próprios deputados condenados pelo mensalão terão a oportunidade de rir do Brasil se tiverem seus mandatos mantidos pelos colegas. Mas na última  sexta-feira morreu um pouco do ceticismo brasileiro, aquele que, acostumado às pizzas, começou pensando “estão sendo investigados, mas nunca serão julgados”, passou para “estão sendo julgados, mas não serão condenados” e terminou se perguntando “foram condenados, mas serão presos?” Pois foram presos. Que esse dia seja um marco na maneira como o Brasil lida com o desrespeito às instituições e ao cidadão.




2 comentários:

  1. Ai meu professor predileto, mandou bem- Marielly

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  2. Se reajirmos à contaminação da inércia e do silêncio, não seremos paralisados por este sistema que emburrece, escraviza, que nos nega o mínimo e ainda ironiza por saber que não sabemos direito como podemos sair dele. Tantos querem o ócio, mas ao mesmo tempo querem tudo pra si. E o fim é incerto, como qualquer argumento.

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