terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

A Tragédia do Censo Escolar.

CENSO ESCOLAR 2018: O RETRATO DE UMA TRAGÉDIA.
Por Alacir Arruda
Agora a coisa é séria. O INEP-  Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - divulgou o Censo Escolar da Educação Básica de 2018  no ultimo dia 31 de janeiro. A pesquisa é realizada em instituições públicas e particulares para determinar dados sobre a qualidade na educação do País.
A despeito de alguns pequenos avanços, que de tão irrelevantes não merecem ser relatados aqui, o censo mostra que a nossa educação ainda continua entre as piores, mesmo quando comparada a países de menor expressão como Peru, Colômbia, Venezuela, Bolívia e alguns africanos..  Mas o que acontece? Será que somos tão incompetentes assim, que não conseguimos construir um modelo educacional que produza conhecimento? Ate quando vamos ficar “batendo palma pra louco dançar”? Será que sua santidade”, o MEC, não percebeu ainda que esse modelo está falido e estamos perdendo mais uma geração.  Hoje um aluno brasileiro sai do terceiro ano do ensino médio sabendo menos que um aluno do Canadá da quarta série primária. Até quando vamos aceitar isso?
Continuamos reproduzindo uma educação de fingimentos: o governo finge que paga, o professor finge que ensina, o aluno finge que aprende e a sociedade finge que está tudo bem. Recentemente questionei um professor do Estado sobre esse descalabro, o mesmo se limitou a dizer: “minha parte eu faço, entro na sala de aula, “loto” o quadro de matéria e mando os alunos copiarem. Tive a curiosidade de saber se os alunos aprendem alguma coisa: ele foi enfático: “bom, ai já não e problema meu, minha parte eu fiz”. 
É evidente que esse professor não pode ser usado como  regra, e nem estou aqui querendo transferir o fardo de todo o fracasso escolar brasileiro ao ja sofrido professor, ele é apenas um dos problemas.  Mas não posso deixar de frisar que essa é uma das causas: “os nossos professores insistem em dar aula”, eles são viciados nisso. Adoram uma lousa, sobretudo para enchê-las de baboseiras, copiadas de um livro que alguém escreveu,  e uma editora (suspeita) venceu a concorrência e  vendeu caro para o Estado e, segundo seus autores,  eles seguem as chamadas “diretrizes curriculares nacionais” que deveriam chamar indiretrizes,   pois  preconizam  conhecimentos que não tem o menor sentido para o aluno. Diante desse “circo de horrores” que se transformou a nossa educação, o aluno se sente “uma ilha de ignorância, cercado por um oceano de inteligência: o oceano em questão é  o professor. Só ele fala, só ele sabe, odeia ser interrompido, numa demonstração clássica de alto-suficiência. Resultado disso: o aluno o odeia e por extensão odeia a escola, logo ele se revolta, abandona a escola  e o ciclo da desgraça continua no próximo ano. 
Gostaria de perguntar ao MEC e  aos gênios de plantão: por que uma aula tem 50 minutos?  Alguém saberia me responder? Porque Frenet, Piaget, Valon, Freire, Vigostsky, Ferreiro, Bourdie (todos intelectuais da educação mundialmente conhecidos) não sabem. Não há um registro sequer no planeta terra escrito por alguém que justifique uma aula ter 50 minutos. Mas continuamos reproduzindo esse modelo medieval em nossas escolas. Mais uma pergunta: por que a divisão em série ou modelo seriado? Alguém sabe quem criou isso? Porque os intelectuais citados acima também são sabem. Perceberam como a coisa é profunda? Esta tudo errado!!  (pesquisem o modelo adotado na Escola da Ponte em Portugal)
Essa aula tradicional, copiada, que ministramos ainda hoje aqui no Brasil, está superada em todas as nações que  despontam como potência, há mais de 30 anos.  Aula não serve para nada. E prova não avalia ninguém. Venho dizendo isso há mais de  15 anos. Senão vejamos: pergunte a qualquer pessoa ai do  seu lado, não importa se tem nível superior ou ensino básico, se ele se lembra de cabeça a raiz quadrada de 233 (matemática), ou o principio de corioles (ciências),  ou os nomes dos  titulares das 15 capitanias hereditárias do Brasil (história) ou ainda,  os nomes de todos os países que não  fazem fronteira com o Brasil na América do Sul (geografia) ?
 Atrevo-me a dizer:   só se forem gênios para responderem. Com certeza 98% deles não sabem. Mas como não sabem? Isso é conteúdo da educação básica, estão lá nas Diretrizes Curriculares que o MEC exige que seja cumprindo pelas escolas por aqueles livros didáticos miseráveis. Se foi ensinado por que não sabem? Não sabem porque lhes foi ensinado a partir desse modelo que vem reproduzindo  analfabetos funcionais há décadas. Você  aprendeu para fazer a prova, meia hora depois havia esquecido, o popular "decoreba". Segundo dados do próprio Inep,  87% dos alunos egressos do terceiro ano do ensino médio sabem ler,  mas não compreendem o que  leem,  se tornando assim presas  fáceis aos nossos “atentos” políticos.
A pergunta que não quer calar: quem interessa uma educação de qualidade??
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4 comentários:

  1. Então: se vc como educador pouco pôde fazer pela educação, imagine eu que trabalho como mula, pra pra pagar escola caríssima, e acreditando que estou oferecendo o melhor pra minha filha. Só nos resta esperar que algum dia tenhamos um ministro da educação um Alacir da vida.
    Bjs
    Maria F.Q Cuiabá M.T

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    1. Obrigado Maria por aquilo que me toca, mas seu sonho e impossível visto que até da de aula esses canalhás já tentaram me tirar quiçá ministro..Kkkk..Obrigação por enriquecer o blog. Bjs

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  2. É bem isso professor. Segundo um palestrante do "Colóquio Nacional de Estudos Linguísticos e Literarios (CONAELL) evento que acontece todos os anos na UNEMAT, aqui em Sinop, o Brasil é o maior comprador de livros didáticos do mundo. Aí quando vamos ver os conteúdos, percebemos tantas aberrações. Temas que so perpetuam a discriminação, o racismo e que nos leva a ser uma eterna colonia de Portugal, principalmente em História e Português. Os professores então não querem saber de estudar, e também não há incentivo. E assim continua a ignorância. Um abraço

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    1. Concordo professora..Na Verdade vivem um ciclo vicioso na educação..O professor não estuda porque ganha pouco, o Estado alega que nao paga mais porque o professor se recusa a se qualificar..e segue a roda da desgraça..abs

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