BRASIL: A ÚNICA VÍTIMA DE UM GOVERNO SEM RUMO..
Por Alacir Arruda
No Brasil é assim; quando pensamos que chegamos no fundo do poço, descobrimos que o poço é mais fundo ainda. E os nossos políticos tem colaborado uma vez que : “nada e tão ruim que eles não consigam piorar”. Peguemos o exemplo dessa ultima crise envolvendo “atual” Ministro da Secretaria Geral da Presidência Gustavo Bebiano e o filho de Bolsonaro Carlos Bolsonaro. Bebiano foi chamado de Mentiroso nas Redes Sociais tanto pelo filho quanto pelo pai (Presidente) e a sua situação no governo se tornou insustentável. Segundo fontes, ele será exonerado na segunda feira, 16/02, por Bolsonaro, caso não peça demissão...
Pra alguns analistas Bolsonaro peca ao permitir a interferência
de seus filhos nas questões de Estado.
Para eles, o presidente Jair
Bolsonaro é hoje refém dos próprios filhos. Não dá um passo que não seja após
ouvi-los. Pretere os seus auxiliares mais diretos em troca do palpite de um dos
três. Tem em Flávio, Carlos e Eduardo uma espécie de tríade divina que tudo
pode e que pensa ter nas mãos os destinos do Brasil e dos brasileiros. E não é
assim. Ou não pode ser assim.
A crise da hora envolvendo o filho do meio Carlos Bolsonaro
e o ex-presidente do PSL e atual ministro Gustavo Bebiano é algo impensável que
nem o mais crítico observador imaginaria acontecer.
Carlos não tem nenhum mandato federal, é vereador do Rio e
deveria estar cuidando de sua castigada cidade – Flávio é senador e Eduardo,
deputado federal -, mas é o filho mais ouvido pelo presidente, estando sempre
ao lado do pai, desde a solenidade de posse ao acompanhamento na internação de
no Hospital Albert Einstein, onde Bolsonaro se submeteu a uma cirurgia
abdominal. Controla das redes sociais e a comunicação do presidente. Tudo de
maneira informal, já que o governo possui um porta-voz nomeado e no exercício
da função.
A situação é surreal. Um filho do presidente da República,
sem qualquer importância funcional formal dentro do governo, chega e chama um
ministro de Estado de mentiroso. O que faz o pai-presidente? Dá uma enquadrada
no filho boquirroto? Tenta demonstrar que o governo não é o que parece? Nada
disso. A reação de Bolsonaro-pai é deixar o seu ministro pendurado no pincel ao
dizer praticamente a mesma coisa que disse o filho pseudo porta-voz.
Não que Bebiano seja isento de responsabilidade pelo
rastilho de pólvora que se arma e precocemente começa a explodir a
credibilidade do presidente, do governo e do partido. Ele foi o presidente do
PSL antes de Luciano Bivar e tem tanta culpa quanto o sucessor na proliferação
do imenso laranjal em que se transformou a legenda. Praticamente todo dia, a
imprensa traz uma laranja nova, adubada com centenas de milhões de reais do
fundo partidário e que responderam com as menores mais caras votações da
História. Mas, daí pegar Bebiano e deixar ele torrar no forno armado por Carlos
Bolsonaro, já são outros quinhentos.
A crise toma fôlego a cada lance desse episódio bizarro. A
ponto de o presidente da Câmara dos Deputados chegar e jogar azeite na panela
fervente. Sem usar de meias-palavras, Rodrigo Maia acusou Bolsonaro de se
esconder atrás do filho para demitir um ministro. Mais claro impossível.
Para um presidente da República, ouvir que não tem coragem
de afastar um ministro e precisa, para tal, de um biombo familiar, convenhamos,
é algo inédito na República. Não há notícia de um governo que, com 45 dias de
vida, esteja tão enrolado, em boa parte, por causa da parentada do chefe do
Executivo. E de um chefe de Executivo que não consegue conter a parentada intrometida.
O Brasil não é a casa dos Bolsonaro. Alguém, no entanto,
precisa dizer isto ao presidente. Mas não é o bastante. E é bom o próprio
presidente ter ouvidos e sensibilidade para entender, aceitar e efetivamente
mudar a situação. A pena para essa surdez pode ser dura demais. Para o
presidente e para o país.
Nessa crise envolvendo Carlos Bolsonaro e Gustavo Bebiano,
assistir ao noticiário do governo na televisão tem sido constrangedor. Parece
um bando de desnorteados tentando disfarçar a gravidade, tanto do escândalo
envolvendo o PSL quanto do agravamento da crise de relacionamento que isto
provocou.
O quadro é muito ruim. A ingerência dos "garotos"
em tudo e sobre todos deixa o País parado, após dois meses e meio de governo. O
resultado é uma horda de aliados magoados e desrespeitados. É uma base
parlamentar dividida e atônita. A maioria, vale lembrar, não simpatiza com Carlos
Bolsonaro e fecha com Bebiano. Como é o caso, também, do vice-presidente
Hamilton Mourão e até do ministro Chefe da Casa Civil, Onix Lorenzoni. Resta
saber se essa "unanimidade" afetará Bolsonaro e o fará se decidir
entre ser o presidente ou o pai superprotetor. O segundo caso vence com folga,
até agora
Esse quadro de incertezas em nada ajuda o Brasil nessa tentativa
de retomada de sua economia, uma vez que
os investidores internacionais acabam
por, em função dessa celeuma, desistindo
de investirem por aqui. O maior exemplo, que sempre cito, é o caso da
Microsoft, que em 2014 pensava em trazer a sua filial da América do Sul para o
Brasil, porem incertezas politicas, corrupção e insegurança jurídica os fizeram
transferir
seus desejos para o Chile, onde instalaram a sua planta. Em suma, perdemos todos nós com um governo sem rumo,
onde os interesses pessoais continuam a transcender o coletivo.
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Boa tarde Alacir. E bem isso mesmo. Vemos um presidente mandado pelos filhos. Muito bom o texto. E assim se inicia um governo em que a maioria depositava esperanças, como vimos nas urnas continuando a mesma história de corrupção. Parabéns pelo texto.
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