quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

tema de ENEM 2014

Caso Santiago II: O que fica  após a morte do cinegrafista?
Alacir Arruda
Segue abaixo Breves reflexões sobre o que temos pela frente, num cenário em que as velhas esperanças declinam – e as novas ainda não ocuparam seu lugar

1) Entendo o caldo de cultura no qual surgiram os Black Bloc. O ocaso do PT como opção transformadora foi entendido pela sociedade como o ocaso da “última esperança” e pela traição cometida por esse "partido",  qualquer movimento de esquerda que lute contra a opressão desse modelo econômico explorador e alienante,  sera jogado na mesma vala comum. Para a burguesia e a grande mídia, que são os que verdadeiramente comandam esse país,   todos seriam iguais. E igualmente safados! 
2) Some-se a essa questão conjuntural um processo global de falência das formas tradicionais de representação, inclusive dos movimentos sociais. 
3) Diante desse cenário de desesperança, é até previsível que surgisse uma forma de manifestação que flerta com o anarquismo, mas também com o niilismo, sem ser exatamente nenhum dos dois. 
4) Isso significa que não concordo com tentativas de demonizar os black bloc. Acho que é preciso entender que eles são um sintoma, uma febre, mostrando que o organismo está profundamente doente. 
5) Por outro lado, não concordo com certas tentativas de projetar nos black bloc as esperanças perdidas com a crise do proletariado como sujeito ontologicamente revolucionário. Tem muita gente com um crachá nas mãos, torcendo para encontrar esse sujeito revolucionário do século XXI. E aí acabam projetando suas esperanças. 
6) Também não acho correto comparar os black bloc com a miríade de novas formas de organização coletiva e produção simbólica que estão sendo gestadas nas favelas e nas periferias como resposta a essa crise de representatividade. Os black blocs não podem ser comparados a nenhuma alternativa pela mais simples razão de que eles não pretendem ser alternativa a nada. 
7) Quem participou das manifestações de junho/julho percebeu que, por detrás do rótulo de black bloc, havia uma enorme diversidade: militantes anarquistas, integrantes de torcidas de futebol, o lumpesinato urbano, etc, etc. Tudo junto e misturado. 

——-Dito isso, sobre esse fato recente, da agressão ao jornalista, penso que: 

1) Jornalistas são agredidos e mortos o tempo todo. Pesquisa da Abraji (associação brasileira de jornalistas independentes) revela que, na maioria dos casos, os agressores são policiais. Mas, ninguém comenta quase nada a respeito
2) Por outro lado, isso não invalida a agressão ao jornalista. Seu agressor deve ser identificado e punido. E ai discordo do Mídia Ninja que diz que não houve a intenção de acertar o jornalista. Pouco importa. Essa situação se compara a do motorista que ingere bebida alcoólica, dirige e atropela alguém. Ele tinha informação suficiente para saber que, ao fazer aquilo, podia matar alguém. Ele assumiu o risco e isso no direito se chama “dolo presumido”. 
3) Não adianta agora reclamar que a imprensa está manipulando para criminalizar os black bloc. Isso equivale a desfilar pelas savanas africanas e depois reclamar que foi atacado por um leão. Ué, mas alguém achou que seria diferente? É claro que eles serão criminalizados por essa mídia conservadora! E um movimento social que não trabalha com os dados da realidade está fadado ao fracasso ou a passar o resto da vida reclamando. 
4) Também não é de se descartar que haja infiltração. Pode ser da polícia, de miliciano (vide esse advogado que surge agora, com seu “estagiário”) ou de qualquer outra coisa. Quem participa de algo que não tem organização, que basta chegar para fazer parte e onde todo mundo anda mascarado tem que assumir de princípio o risco da infiltração. Aliás, e novamente, isso é mais do que óbvio. 
5) O que essa Sininho estava fazendo na porta da delegacia? Por que ligou para o tal estagiário? Alguém pode dar umas férias na Nova Zelândia pra essa moça? 



7 comentários:

  1. Professor, como o vc acha que isso cairá no ENEM? Em atualidades, Geopolitica, História ou em todas..alem de tema de redação ??

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    1. Sem duvida nenhuma em todos esses que vc citou, portanto faz-se necessário uma aprofundamento dos fatores geradores desses conflitos e os interesses por traz dessa lógica

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  2. O que fica após a morte desse cinegrafista:
    Fica um ser humano morto, filhos sem pai, esposa sem seu marido, os pais sem seu filho.
    um bando de urubus querendo se dar bem em cima da notícia.
    e o país, continua a mesma "merda" de sempre, quiça pior, tendo em vista que estamos chegando ao ponto da barbárie dos tempos primórdios.

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  3. Prof. Dr. Alacir, podemos dizer que temos um novo modelo político, a INEPTOCACIA, um sistema de governo onde os menos capazes de liderar são eleitos pelos menos capazes de produzir, e onde os membros da sociedade com menos chance de se sustentar ou ser bem-sucedidos são recompensados com bens e serviços pagos pela riqueza confiscada de um número cada vez menor de produtores.
    Pode nos dizer mais sobre isso?

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  4. Essa e uma definição objetiva da sociedade contemporânea, eu diria ate uma visão realista do mundo moderno. Temos hoje, toda a riqueza do planeta concentrada nas mãos de 11% da população mundial, isso objetivo. Essas ideias são da Filósofa Russa Ayn Rand que nasceu em 1903 e desenvolveu a uma teoria conhecida como Objetivismo. Suas ideias foram retomadas nos EUA pelo Presidente do FED (federal Reserv , banco central dos Estados Unidos) Alan Greenspan. Sua filosofia e sua ficção enfatizam, sobretudo, suas noções de individualismo, auto sustentação e capitalismo. . Seus romances preconizam o individualismo filosófico e liberalismo econômico. Ela ensinava:
    • Que o homem deve definir seus valores e decidir suas ações à luz da razão;
    • Que o indivíduo tem direito de viver por amor a si próprio, mas pode desempenhar seus trabalhos, com suas próprias forças, para melhorar tanto a sua vida quanto a do que os rodeiam, ainda que indiretamente, sem ser obrigado a se sacrificar pelos outros e sem esperar que os outros se sacrifiquem por ele;
    • Que ninguém tem o direito de usar força física para tomar dos outros o que lhes é valioso ou de impor suas ideias sobre os outros.

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  5. Prof o senhor acha que citar na redação a participação e financiamento do PSOL , com ligações com o sr. Marcelo freixo com integrantes Black blocs, pode zerar a redação?

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    1. Guilherme, desde que seja citado com fonte nao ha qualquer razão o que nao se pode fazer são conjecturas em citações..Ok..

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