Schopenhauer e a metafísica do amor
Por vários motivos Schopenhauer é o meu Filosofo predileto. Se não bastasse seu pessimismo em relação a humanidade, que é a coisa que mais me atraí em seu pensamento, ele foi o primeiro a estabelecer uma ponte entre a filosofia ocidental, dura e tecnicista com a harmonia e simplicidade da filosofia oriental muito mais voltada à reflexão. Por ultimo, minha admiração se completa por ele ser o único filosofo que trata do amor, mesmo que de forma biológica. Por dois motivos, segundo Schopenhauer, o amor merece ser considerado em toda sua importância. O primeiro é de que os poetas fazem do amor o tema e preferencial em suas obras dramáticas, trágicas, cômicas ou românticas. As mais perfeitas e imortais são Romeu e Julieta, Nova Heloísa e Werther. Se os poetas lhe dão tanto crédito não é por força da retórica e da fantasia, mas por força da importância natural do tema e é isso que faz a poesia merecer interesse por parte da humanidade, pois só o que é manifestação da verdade merece crédito e a poesia não seria uma verdadeira arte se não falasse a verdade.
Os poetas são assim testemunhos fidedignos do merecimento que o amor tem como tema dispensador de investigação. O segundo motivo vem da experiência. O cotidiano é farto em exemplos onde, personagens não literários, mas sim pessoas de carne e osso, levados pelo sentimento do amor, chegam a ultrapassar o razoável envolvendo-os nos negócios privados ou do Estado, a ponto de cometer assassinato, suicidar-se ou ser levados ao manicômio.
Então, pelo papel de primeira ordem que o amor ocupa na vida humana é de se estranhar, diz Schopenhauer, que os filósofos pouco ou nada tenham se preocupado com esse tema. E os que se debruçaram, tal como Platão, Rousseau, Kant e Spinoza, o fizeram ou de forma equivocada ou superficialmente. Platão, por exemplo, trata a questão bem longe do seu habitat natural, ou seja, o impulso físico ou o instinto sexual, levando-o às alturas da fábula e do mito. Nem Platão nem os espiritualistas compreenderam que o amor em nada é abstrato, mas que é algo bem material e determinado, enraizando-se no “instinto natural dos sexos”.
Toda paixão amorosa é apenas um impulso sexual bem determinado e individualizado. Em toda paixão amorosa trata-se sempre de uma metade encontrar uma outra metade, trata-se de todo João encontrar a sua Maria, em vista de algo grandioso, objetivo último de toda atração amorosa: a geração e o futuro da espécie. Nada além disso. Mas isso é o sério da questão. Compreender que toda paixão amorosa tem em vista a perpetuação da espécie é ter ultrapassado o adorno que envolve o amor para alcançar o seu núcleo essencial. Com efeito, diz Schopenhauer, “não se trata aqui, como nas demais paixões humanas, de uma desgraça ou de uma vantagem individual, mas da existência e constituição especial de todo gênero humano futuro; e desse modo, a vontade individual transforma-se em vontade da espécie” (Schopenhauer, 2004, p. 83). Essa é, diz Schopenhauer, a chave da questão do amor, desde a mais fugaz inclinação até a paixão mais avassaladora.
Dessa forma, o tema do amor se conecta com o núcleo duro da filosofia de Schopenhauer, ou seja, a vontade cega, a vontade de viver, ínsita em todo ser. De tal forma que as vicissitudes da vontade individual ou da “necessidade subjetiva”, envoltas no impulso sexual, não passam de meras ilusões da consciência. Sempre que uma metade se junta a outra, que um João encontra a sua Maria, o que está em questão são sempre os estratagemas da vontade da natureza para atingir seus fins, no caso a constituição das gerações futuras. O sentimento individual, nesse caso, é apenas uma máscara ilusória, o que importa mesmo é o filho que surge duma relação amorosa. “Que uma criança determinada seja gerada, é este o verdadeiro alvo de todo romance de amor, embora os envolvidos não tenham consciência disso: a intriga que leva ao desenlace é coisa acessória” (Schopenhauer, 2004, p.84). Isso pode parecer chocante às almas românticas e sentimentais, mas a natureza não se importa com sentimentalismos. E estes deveriam ponderar se pode haver maior finalidade na vida do que perpetuar a própria vida. De que valem os sentimentos impossíveis e suas quimeras ideais comparado com o futuro da geração? Somente esse elevado fim pode justificar os tormentos e incidentes com que o amor está envolto. Assim como nos momentos mais encantadores sempre está, sorrateiramente, a vontade da natureza pela reprodução. Em todos os passos do amor é a vontade de vida que os conduz. Em cada atração do olhar e união final, a fusão num único ser, o ser a ser gerado será a prolongação da sua existência. Ao contrário, na aversão mútua, o que a natureza impede é uma constituição sem harmonia e infeliz do filho. Por isso a natureza faz de alguns, homossexuais, pois se gerassem enfraqueceriam a espécie. Eis a astúcia da natureza cumprindo a sua vontade.
O que importa é a sobrevivência da espécie, afirmação da vontade, e para tal se vale da sexualidade para alcançar seu fim. Para isso pouco importa se o indivíduo precisa ser sacrificado, a natureza é insensível ao indivíduo, importando-se somente com a idéia da humanidade. Se uma pessoa morre, outra nasce no seu lugar. Assim, por trás de cada amante, cada casal formado, está o Em-si cósmico, arquitetando a espécie através do instinto sexual. Por trás do enlace amoroso está a vontade que quer se perpetuar, mesmo que os indivíduos não tenham consciência disso. Por isso os casais brigam, mas estão de acordo no quesito sexo. Pode até faltar a correspondência psicológica, mas ambos se dão no prazer físico. Astúcia da natureza e da vontade, nada mais. O que importa é que a criança seja gerada e a geração futura mantida. É o filho ausente que dirige o amor cego. O amor é cego, e nem precisa enxergar, pois alguém, invisível, vê pelo casal.
Portanto, no amor entre dois seres o que está em questão nunca é a felicidade efêmera dos indivíduos envolvidos. A felicidade individual é uma promessa ilusória para que o gênio da espécie possa cumprir o seu objetivo que é a perpetuação da própria espécie. Para isso ela se vale da ilusão do instinto fazendo passar por bem individual o que na verdade é o próprio bem da espécie. “Portanto, a busca zelosa e apaixonada da beleza, a escolha cuidadosa a que se procede, não se referem ao interesse pessoal de quem escolhe, embora este assim o suponha, mas se referem ao fim verdadeiro, ao ser futuro, no qual deve ser mantido o tipo da espécie da maneira mais integral e pura possível” (Schopenhauer, 2004, p.87).
Decifrado o enigma do amor, Schopenhauer passa a fazer algumas observações acerca da diferença entre o homem e a mulher e das qualidades físicas e psíquicas de ambos. Na relação amorosa, diz Schopenhauer, o homem inclina-se por natureza à inconstância enquanto a mulher tende à constância e a fidelidade. O amor do homem declina desde o instante da conquista e da satisfação. O que lhe atrai é a outra. Ele anseia pela mudança. Na mulher o amor aumenta a partir da conquista e satisfação. Isso não é uma escolha. É a natureza que assim determina. Essa é uma conseqüência da finalidade da natureza que tudo faz para conservar e, por conseguinte, para o maior aumento possível da espécie. A natureza dispôs as coisas de tal forma que possibilita ao homem gerar mais de cem crianças em um ano, se tiver esse número de mulheres à disposição, enquanto a mulher, ainda que tivesse o mesmo número de homens, não poderia gerar mais do que um único filho por ano, (salvo o nascimento de gêmeos). Por isso o homem está sempre em busca de outras mulheres enquanto a mulher permanece ligada a um único homem, pois a natureza a impele instintivamente a conservar ao seu lado aquele que provê e protege a prole. “Decorre daí que a fidelidade conjugal é artificial para o homem e natural para a mulher, portanto, o adultério da mulher, em razão das conseqüências que acarreta, e por ser contrário à natureza, é muito mais imperdoável que o do homem” (Schopenhauer, 2004, p. 91).
Quanto às qualidades físicas e psíquicas, Schopenhauer desce aos detalhes dizendo que o gosto individual na atração amorosa é apenas aparente, o que conta mesmo é o instinto de procriação disfarçado sob a atração aparentemente subjetiva. Esse instinto leva em conta a idade da mulher fazendo o homem desejar uma mulher nova, mas nunca uma mulher que já não menstrua. “Juventude sem beleza sempre tem algum atrativo, mas beleza sem mocidade não tem nenhum” (Schopenhauer, 2004, p.91). Qual o motivo dessa preferência? A procriação. Além da idade é fundamental a saúde, o esqueleto, os dentes, a plasticidade, os seios. Por estética? Não, por instinto de reprodução. As mulheres muito gordas nos repelem porque o exagero de gordura é indicativo de esterilidade. A beleza do rosto (nariz, olhos, boca) vem em último lugar. No homem a mulher tem em alta consideração os que se encontram entre trinta e trinta e cinco anos porque essa é a idade apogeu da força geradora. A beleza no homem é secundária, sobretudo a beleza do rosto. A mulher toma para si a tarefa de transmitir à criança a beleza do rosto. A mulher se inclina diante da coragem e a força do homem, em vista da proteção da prole. Por essa razão a mulher muitas vezes ama homens feios, mas nunca efeminados, pois essa deficiência a mulher não pode neutralizar com a suas qualidades.
Quanto às qualidades psíquicas a mulher busca no homem o caráter, a vontade firme, a retidão, a decisão e a coragem. A criança herda do pai essas qualidades. As qualidades intelectuais no homem não atraem instintivamente a mulher porque essas virtudes não são herdadas do pai, mas da mãe. Assim diz Schopenhauer,
Com freqüência se vê um homem de boa constituição, espirituoso e delicado ser preterido em favor de um outro feio, estúpido e grosseiro. Igualmente são feitos casamentos por amor entre pessoas extremamente diferentes sob o ponto de vista do espírito: por exemplo, ele é rude, forte e estúpido; ela, delicada, impressionável, instruída, de pensamento refinado, senso artístico; ou então ele, é muito sábio, talentoso enquanto ela é uma néscia (Schopenhauer, 2004, 94).
Schopenhauer segue aqui a doutrina oriental do yin e do yang, isto é, no amor coordenado pelo instinto o que importa é um equilíbrio do feminino com o masculino para a integridade do filho, razão última de todo enamoramento.
VÍDEO SOBRE A VISÃO SCHOPENHAUERIANA DO AMOR
Profe...Apesar de achar Schopenhauer um pouco frio na sua analise concordo plenamente com ele. Lindo artigo. Abs Kamila
ResponderExcluirUm texto de Freud! UM TIPO ESPECIAL DE ESCOLHA DE OBJETO FEITA PELOS HOMENS(CONTRIBUIÇÕES À PSICOLOGIA DO AMOR I) (1910)
ResponderExcluirEle também é um dos meus filósofos prediletos. Em linhas gerais, o amor eterno, entre homens e mulheres não existe. Ele não queria nos deixar deprimidos, mas nos libertar das expectativas que podem acabar gerando frustrações. Ele pode até ser pessimista, mas a meu ver, ele tem uma visão bastante lúcida da vida e que pensar assim pode nos tirar o fardo que é viver sonhos impossíveis. Na minha opinião, o único amor verdadeiro é o de mãe (e já estou tendo dúvidas disso), o resto é só atração, atração pelo belo, pelo impossível, pelo prazer e por ai vai. Se um relacionamento deu errado, parta para outro, sem culpas, afinal, como bem disse Schopenhauer "a vida é tão curta, questionável e evanescente que não merece qualquer tipo de esforço maior."
ResponderExcluirDiscordo plenamente de tudo isso, é como se estivéssemos fadados ao fracasso pessoal do momento em que nascemos, até a morte. Quem pode dizer que tudo na vida é efêmero, solúvel, variável ? As pessoas que levam esse modo de pensar, ou simplesmente aceitam isso como algo que não podem fugir, está se entregando ao vazio de emoções e sentimentos, dos quais eu considero impossível de se fugir. Existe uma forma de viver menos fria e calculista como a desse filósofo e todas as pessoas recalcadas, desiludidas que concordam com ele. Não amamos apenas pela prole, isso foi no passado, hoje as mulheres buscam talvez tudo aquilo que nunca tiveram, suas realizações pessoais, e em ultimo lugar os filhos, e mesmo as que já têm seus filhos, continuam lutando pelo provento da prole sem qualquer ajuda, daquele que foi supostamente escolhido por amor, beleza, seja lá o que for. É por pensamentos assim, que tudo hoje se tornou instantâneo. Isso não é viver de ilusão é viver bem, é estar bem, isso não significa que estaremos felizes o tempo todo,também não é fantasia ou sonho. É uma questão de educação, caráter, respeito pelo outro, não podemos continuar reafirmando maneiras machistas de viver em pleno século XXI, as mulheres estão à frente de suas conquistas e buscam seu planejamento familiar bem sucedido, não podem deixar que seus corpos sejam objeto de prazer descartável, simplesmente porque os homens querem variedade. Sonhos não são fardos, são projetos, planejamentos, como de uma empresa, serão aplicados ou não, bem sucedidos ou não, mas isso não significas que a empresa desistirá de seu patrimônio e lançarão tudo às garras do concorrente. Mulheres maduras também são atrativas, bonitas, e muitas vezes oferecem coisas a mais que muitas jovenzinhas sem experiência, também no quesito sexo. A mulher já encontrou seu lugar no mercado de trabalho, resta agora se valorizar em questões de relacionamentos pessoais, homem e mulher e deixar de ser a vítima desse sistema falido de onde são eles quem mandam, nos trocam ou simplesmente não querem mais. O amor é algo muito além de tudo isso, esse filosofo e quem concorda com ele não sabem o que é, ou nunca amaram de verdade.
ResponderExcluir"Viva a liberdade de expressão..os gostos e desgostos da vida..Sou feliz justamente por saber que ha pessoas que discordam do que penso, isso sim é democracia"..Um abraço e obrigado pelo comentario
ExcluirTer alguém é uma escolha, permanecer junto é uma decisão que exige compromisso, entrega, honestidade e dedicação.
ResponderExcluirAmor é não enjoar de amar ! Rostinho bonito envelhece, maquiagem bonita saí com água, pele bonita, enruga, cabelo bonito fica branco, corpo definido caí. Mas caráter fica.
Vc acabou de definir moral.. e isso não esta em discussão. O que propomos é um entendimento do egoismo humano sob a luz da psicologia..Sugiro que leia Freud
ExcluirÉ difícil amarmos o outro, quando este é tão antagônico e incompatível ao nosso amor. É injusto colocar um estranho valor de amor não sinalizando a harmonia espiritual entre ambos. Negar a vida é não termos liberdade de retermos em nós mesmo o valor supremo, o amor! Compartilharmos com alguém que não demonstra a mínima consideração é frustrar a possibilidade de realização da própria vida. Amar é um compartilhar mútuo, um mesmo nível de sentimento, um ato recíproco, jamais pode ser unilateral. Amarmos o outro como um ser da natureza e não mais do que isto, é a forma mais autêntica do amor ao próximo.
ExcluirA vida cristã implica moralidade. Chega um momento na vida interior em que essa verdade faz-se cada vez mais patente. No começo do nosso encontro com Deus, as coisas pareciam mais fáceis: alegrias e consolações interiores, força de vontade para extirpar os maus hábitos, a convicção diáfana de que acertamos o caminho, o desejo de servir a todos, a posta em prática de uma tarefa evangelizadora que alcançava o maior número possível de pessoas. Com o passar dos anos, quiçá nós percebemos que os frutos foram escassos e, talvez, nesse momento, pôde ter vindo o desânimo: tantos anos lutando contra um determinado defeito, poucas pessoas se aproximaram de Deus, ainda existe o egoísmo e os defeitos. E para compreender e avaliar a natureza do homem, Freud parte do comportamento mental e suas perturbações ocasionadas pelo impulso instintivo que pode, segundo ele, originar o caráter de sintoma normal ou patológico. Para explicar a vida mental e as causas do mal-estar do indivíduo, Freud analisa a evolução da cultura, religião e dos fenômenos sociais. Por agora tencionamos apenas falar sobre o conceito moral do amar o próximo como a si mesmo, para desvelar qual a relação entre amar a si mesmo e amar o outro na mesma intensidade, considerando que o amor é instintivo e remonta à origem da vida, um processo de evolução que molda a personalidade individual.
ExcluirE tudo isso que vc escreveu so é possível, segundo o próprio Freud, quando vc descortinar as neuroses internas primarias dentre elas a Religião que para ele é uma Neurose. "Qualquer manifestação religiosa num individuo é neurose, precisa de tratamento". (Sigmund Freud. 1905). A culpada por vc acreditar em felicidade é a religião que mascara a realidade sob a égide de um mundo fantasioso onde tudo e possível, aliás o Céu nada mais é que a sátira do mundo de OZ
ExcluirDesconheço o estudo citado, acredito que a definição mais regular para isso que disse, é que Neurose, também conhecida como psiconeurose ou distúrbio neurótico, é um termo que refere-se a qualquer desequilíbrio mental que causa angústia e ansiedade, porém ao contrário da psicose e algumas outras desordens mentais, não impede ou afeta o pensamento racional. Neurose é particularmente associada ao campo da psicanálise. Num estudo mais profundo sobre a História e uso do termo neurose, cito:
ExcluirPara diferenciar entre neurótico e neurose : "neurótico", ou afetado pela neurose, é o termo que descreve a pessoa com depressão ou ansiedade, falta de emoções, pouca auto-confiança, e/ou instabilidade emocional. O termo neurose foi cunhado em 1769 pelo médico escocês William Cullen para referir a "desordens do sentido e ação". Para ele, a neurose descreve várias desordens nervosas e sintomas que não poderiam ser explicados psicologicamente. Neurose deriva da palavra grega neuron (nervo) com o sufixo osis (doença ou condição anormal). Entretanto, o termo neurose foi mais influenciado por Sigmund Freud e Carl Jung mais de um século depois. Em primeiro lugar, gostaria de ressaltar que a origem "psicológica" da religião não diz nada sobre a existência (ou não existência) de Deus. Não é muito incomum encontrar pessoas citando essa teoria de Freud para "provar" ou "demonstrar" que Deus não existe, o que é um grosseiro erro de lógica.
Philip L. Quinn, em um artigo contido no livro "Philosophy of religion" (William Lane Craig), critica Alvin Plantinga por sua injusta e depreciativa avaliação da teoria de Freud sobre a origem da religião. Quinn afirma que a teoria exposta por Freud pode ser o mecanismo do qual Deus nos dotou para que pudéssemos reconhecer a Sua existência e buscar com Ele um relacionamento, e deixa o campo aberto para que futuras pesquisas sejam realizadas em cima dessa hipótese.
No geral, podemos ver essa teoria de Freud, se verdadeira, da seguinte perspectiva: se Deus não existe, então a teoria de Freud é uma explicação muito plausível de como se originou a crença religiosa e a idéia de Deus. Por outro lado, se Deus existe, esta teoria pode esclarecer o mecanismo do qual Ele nos dotou para pudéssemos reconhecer a sua existência e sentir a necessidade de estabelecer com Ele um relacionamento. (Apesar de que acho que teríamos aqui um problema com os calvinistas, mas eu mesmo não sou calvinista.)É interessante notar que a psicanálise e, mais especificamente, o Complexo de Édipo, que têm sido utilizados durante décadas como ferramentas para explicar a crença religiosa, podem ser utilizados também para explicar o ateísmo.
Freud afirma: "O crente está ligado aos ensinamentos da religião por certos vínculos afetivos. Contudo, indubitavelmente existem inumeráveis outras pessoas que não são crentes, no mesmo sentido." Isso é, a causa tanto da crença quanto da descrença são primariamente emocionais, e só secundariamente racionais.
ExcluirVeja o artigo "The psychology of atheism", de Paul C. Vitz, no qual ele utiliza o conceito do Complexo de Édipo para explicar o ateísmo.
Freud quis deixar claro que não é psicanálise que chega a essas conclusões, mas que ela é apenas uma ferramenta utilizada que proporcionou a um pensador chegar a essas conclusões. Em suas palavras: "Se a aplicação do método psicanalítico torna possível encontrar um novo argumento contra as verdades da religião, tant pis para a religião, mas os defensores desta, com o mesmo direito, poderão fazer uso da psicanálise para dar valor integral à significação emocional das doutrinas religiosas."
Freud entendia a neurose como o resultado de um conflito entre o Ego e o Id, ou seja, entre aquilo que o indivíduo é (ou foi) de fato, com aquilo que ele desejaria prazerosamente ser (ou ter sido), ao passo que a psicose seria o desfecho análogo de um distúrbio entre o Ego e o Mundo.
Hoje em dia o termo neurose não é mais comum entre médicos. O DSM-III ("Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders") eliminou a categoria neurose. Isso segue a tendência de dar descrições de comportamento conhecidas ao invés de termos que referem-se a mecanismos psicológicos ocultos devido a dificuldades no diagnóstico.
Se pra vc o Céu nada mais é do que a sátira do mundo de OZ, e a crença na felicidade se dá à religião, a sua razão está no País das Maravilhas, onde Alice precisou de um choque da realidade.
Acredito que esta equivocado (o) quando a Freud e sua relação com a religião. Ademais temos uma diferença conceitual, eu sou cético e você e dogmático (a). Quando escrevo me fundamento em autores céticos, vc em dogmáticos, portanto, siga com seu sorriso, pois em seu caminho eu jamais passarei com minha dor.
Excluir- Para Freud, a religião é uma ilusão que tem as suas raízes profundas no psiquismo humano. Uma das experiências fundamentais do ser humano é a sensação de insegurança e a necessidade de proteção e de amparo. A religião surge como mecanismo de defesa perante as ameaças da natureza e a dureza das relações sociais. Deus será assim concebido como o Protector supremo, o ser todo-poderoso que alivia a angústia e o medo do homem perante a realidade, que consola e ampara. Tal como o pai está para o filho, assim Deus está para o homem.
Para a criança o pai é um ser poderoso (logo, protector) e exigente (que o pode castigar e punir). A sensação de impotência, de fragilidade e debilidade que leva a criança a sentir a necessidade de protecção e amparo (satisfeita pela figura paterna) persiste ao longo da vida e conduz o homem "a forjar" a existência de um pai imortal muito mais poderoso (Deus). A religião corresponde, assim, a um estádio infantil da humanidade, à constante necessidade de ter um Pai na relação com o qual se vive um sentimento ambivalente: amor e medo. Nasce dos desejos mais intensos do ser humano, mas não passa de uma ilusão, de uma projecção ilusória da situação do filho perante o pai. Recorre-se a ela para acalmar a angústia, o medo perante a imensidade desconcertante do universo e a imprevisibilidade da vida. A religião é um remédio ilusório para as dores e a frustração do ser humano.
Qual o futuro desta ilusão? Poderá prescindir-se da ilusão religiosa? Freud afirma que é dever do homem aceitar a sua dura condição e enfrentar a realidade sem recorrer a consolações celestes. Mas como suportar o peso da vida e a crueldade da realidade? Através de uma educação "em vista da realidade", que não fabrique doentes que depois precisem do narcótico religioso para entorpecer e anestesiar a angústia e a ansiedade. Só uma educação fundada na verdade pode encaminhar o homem para a maturidade e superar a necessidade da religião. Esta, enquanto ilusória realização do desejo de
ser amado e protegido perante um meio hostil, não nos ensina a enfrentar a realidade, é uma fuga para um além imaginário, uma constante e sempre frustrada necessidade de paz e tranquilidade. Por isso ela é a neurose obsessiva da humanidade.
Gostaria de convidá-lo (a) para escrever um artigo opinativo defendendo seus pontos de vistas e envie para o e-mail que esta acima no titulo do Blog que eu publicarei com muito carinho. Abs... e tudo de bom... Afinal
Excluir(posso não concordar com nada que disses, mas defendo ate a morte o seu direito de dizê-las - Voltaire)
Fernando Pessoa , meu poeta preferido, também "filosofou" sobre o amor,mesmo não sendo filósofo, ele diz "Nunca amamos ninguém. Amamos, tão somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma , é a nós mesmos - que amamos. Isso é a verdade em toda escala do amor."Giovanna
ResponderExcluirsó gostaria de entender o que o faz desacreditar tanto no amor?
ResponderExcluirporque parecer algo que não é faz tanta questão em parecer grosso cafajeste,no fundo és um etrno apaixonado louco pra viver uma linda historia de amor vc pode não acreditar mas consigo te ver por dentro
Como assim, consegue vê-lo por dentro ? Eu hein !!! O que a faz acreditar que ele quer parecer grosso ou cafajeste ?? Ou um eterno apaixonado ? Caso não saiba no subtítulo do Blog, está seu objetivo: Um Blog para que o debate político seja praticado de forma livre e a educação discutida racionalmente. Ou seja, livre de questões pessoais.
ExcluirEsses cometários anônimos !!! Taís Alvarenga.
Bom essa é minha mulher...rs
Excluir"Fale manso, mas leve sempre um porrete nas mãos."
ResponderExcluirTheodore Roosevelt
Uma leitura interessante. A filosofia como sempre causando choque de idéias.
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